A Avenida Paulista ganhou uma eclética trilha sonora nos últimos tempos. Por dia, passam cerca de 1,5 milhão de pessoas na avenida e cada uma delas possui um estilo musical diferente. Para tanto, alguns músicos estão trocando os palcos de bares e casas de shows pela avenida mais famosa da cidade. Um dos motivos para essa mudança de endereço se deve a liberdade de poder escolher o próprio repertório – o que nem sempre ocorre em estabelecimentos comerciais – e também ao horário flexível que cada músico possui.
Outro detalhe como o faturamento também é um dos motivos: geralmente é maior nas ruas do que nos estabelecimentos. O saxofonista Vinicius Chagas faz a trilha sonora do happy hour da região há cerca de três meses tocando soul, jazz e funk. Ele afirma que a visibilidade é ótima e que, em um dia de show no local, ele lucra em média 50% a mais do que lucrava em alguns lugares fechados.
Estes intérpretes informais ganharam apoio e aprovação da Câmara Municipal de um projeto que libera apresentações em espaços públicos – antigamente era preciso ter um cadastro – além de permitir a venda de produtos autorais como CDs. Para tudo isso entrar em vigor, ainda falta a sanção do prefeito Fernando Haddad.
A banda GHB, desde o começo do ano, interpreta sucessos dos Beatles e garantem receber assédio digno de boy band. Os integrantes afirmaram que ganham cerca de 200 reais por dia, o que significa o dobro do que faturavam quando se apresentavam em barzinhos. “Agora estamos atingindo uma plateia muito maior.” afirmou o baixista Victor Amaral.
Performances que chamam mais a atenção das pessoas costumam faturar mais, e nesse caso os mais chamativos são o saxofonista Nilton Cezar e o baterista John Paiva, da banda Sax in the Beats. Eles se apresentam usando máscaras de urso e cavalo. John afirma: “atraímos muitos curiosos.” Seu repertório inclui MPB, canções pop e costuma fazer os pedestres se arriscarem na dança.
José Carlos dos Santos, o Kerubyn, é um violonista que trocou os bares e botecos da Vila Madalena, onde tocou por 8 anos, pela calçada do Conjunto Nacional. Ele afirma que os donos de bares só querem ouvir o “tchu tcha tcha”, além de pagarem um valor muito baixo. Agora ele se sente livre para tocar o que quiser, não dependendo de ninguém. Kerubyn toca clássicos do MPB na Paulista há 2 meses e fatura até 200 reais por noite.
Uma coisa que todos eles concordam: o tempo é o único inimigo de suas apresentações. “Quando chove, não conseguimos trabalhar.” lamenta um deles.
E você, o que acha destes artistas informais espalhados pelas calçadas da avenida?