O que nasceu como uma espécie de solução imobiliária prática e barata para pequenas empresas ganhou ares mais estratégicos – e estão cheios de segundas intenções.
Sexta-feira (9) foi comemorado o Dia Internacional do Coworking , com eventos e debates para popularizar e desenvolver a modalidade. O modelo de coworking, em que profissionais e pequenos empresários locam espaços de um escritório compartilhado, se tornou uma grande oportunidade para quem quer fazer contatos e identificar boas oportunidades de trabalho e de investimentos.
Esse é o objetivo, por exemplo, da Plug’n’Work, localizada no Itaim Bibi, bairro da zona sul paulista. Fundada em 2012, tem 38 empresas funcionando dentro dos seus 900 metros quadrados. O escritório reserva espaços para empresas e profissionais independentes, além de salas de reunião e áreas de convivência e de relaxamento.
“Nós temos uma estratégia agressiva de networking entre as empresas que estão no espaço”, explica Wilbert Sanchez, sócio da Plug’n’Work. Assim que instalado, o novo “condômino” é procurado pela própria equipe do escritório e posto em contato com outras pessoas que possam oferecer ganhos de sinergia para ambos os negócios.
Não por acaso, a Plug’n’Work é dominada por startups e empresas de publicidade em começo de operação – com entre três e sete funcionários. “Esse é o principal diferencial do nosso trabalho, nós realmente somos pró-ativos em promover encontros”, conta.
A iniciativa, no entanto, não se deve apenas ao espírito de comunidade típico do mercado de startups. Wilbert Sanchez e seus sócios também estão à frente da Thoreau Capital, um fundo de investimentos focado em negócios em desenvolvimento – manter startups por perto é sempre uma forma de mirar os investimentos e observar o mercado. O fundo, inclusive, é sediado em um dos escritórios dentro da Plug’n’Work, que também hospeda os Anjos do Brasil – além de outros fundos de investimentos e consultorias de gestão financeira.
Outro público relevante dentro do “ecossistema” da Plug’n’Work são os pequenos escritórios de publicidade. “Essas empresas já tem uma gama de clientes, acabam trazendo mais oportunidades para as outras empresas que dividem o espaço também”, explica Sanchez.
Coletivo pela arte
Nesta sexta-feira (8), na Consolação, região central de São Paulo, será inaugurado oficialmente o Ponto Art Coworking, na proposta de reunir empresas e profissionais de arte, cultura, comunicação e entretenimento. “Queremos aproveitar a oportunidade para direcionar esforços para este mercado”, afirma Yuri Cesartto, sócio do espaço. São 15 estações de trabalho, duas salas maiores, salas de reunião e um salão de eventos à disposição dos coworkers.
O lançamento será apenas oficial, porque o escritório já está a todo vapor. Com três clientes instalados, o Ponto Art já foi o canal para um novo contrato entre a Brazilians Grooves e um produtor musical que utiliza o coworking. Lá, os planos mensais custam a partir de R$ 395 – preço entre os mais baratos da região – para uso em tempo integral mais oito horas em sala de reunião.
Fertilidade no ambiente de negócios
A troca de experiências foi uma das principais características que Tâmara Juliani, sócia da Link2u, quis manter dentro de seu negócio. Aos 27 anos, ela toca o escritório de coworking há dois e garante que a rotatividade ajuda a manter o ambiente de negócios fértil. “Nós não queremos amarrar as pessoas, então oferecemos contratos desde o uso por hora até por mês”, diz. Nesse período, os eventos dentro do escritório são constantes, justamente para promover esses encontros entre os profissionais.
Lá, o ecossistema é diverso. São arquitetos, engenheiros, advogados e até mesmo psicólogos que usam as salas de reunião para atender os pacientes. No entanto, quem desfruta da principal peculiaridade do escritório são os programadores. A Link2u funciona 24 horas por dia, nos sete dias da semana. “As pessoas e as empresas têm formatos diferentes de operação, a gente buscou se adaptar a isso.”
Atualmente, a empresa tem duas unidades na Avenida Paulista, podendo receber aproximadamente 100 profissionais simultaneamente. Encontrar público e demanda para o serviço, pelo jeito, não foi o problema. “Abrimos o segundo escritório seis meses depois do primeiro”, conta Tâmara.
Na Link2u os planos de escritório compartilhado variam de R$ 285 (30 horas/mês e 1 hora de sala de reunião) a R$ 860 reais (tempo integral mais 8 horas de sala de reunião). Para usar o endereço comercial e a infraestrutura de telefonia, soma-se R$ 265 por mês.
O preço não é o mais barato da região, mas Tâmara explica que os escritórios ganham valor agregado graças à localização e ao funcionamento 24 horas.